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A ontologia da alteridade como fundamento de uma Igreja Sinodal: contribuições de Ioannis Zizioulas no quadro do magistério do Papa Francisco

A ontologia da alteridade como fundamento de uma Igreja Sinodal: contribuições de Ioannis Zizioulas no quadro do magistério do Papa Francisco

Felipe Sérgio Koller
FASBAM

[Felipe Sérgio Koller - Doutor em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do Paraná, PUC-PR, Curitiba, PR, 2022). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do Paraná, PUC-PR, Curitiba, PR, 2017). Bacharel em Filosofia (Faculdade Vicentina, FAVI, Curitiba, PR, 2013). Professor dos cursos de especialização em Liturgia da Faculdade São Basílio Magno, da Católica de Santa Catarina e do INSECH. E-mail: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.]

The ontology of alterity as the foundation of a Synodal Church: contributions by Ioannis Zizioulas in the framework of Pope Francis’ teaching

Encontros Teológicos | Florianópolis | V.37 | N.2 | Maio-Ago. 2022 | p. 275-294

Recebido em: 04/07/2022. Aceito em: 16/08/2022.

Resumo: Tema programático do atual pontificado, a sinodalidade é apresentada por Francisco como dimensão constitutiva e estruturante da comunidade eclesial. O presente artigo apresenta uma síntese do seu magistério a respeito do assunto, oferecendo como possível chave de aprofundamento a teologia de Ioannis Zizioulas, que tem por eixo central a noção de uma ontologia da alteridade tornada possível por uma redescoberta da categoria de pessoa a partir da teologia patrística. Essa chave permite compreender a proposta de uma Igreja sinodal, como apresentada por Francisco, como realização da vocação da comunidade eclesial como existência na comunhão, em que a verdade é acolhida como dom a partir da escuta da voz do Espírito em sua manifestação pluriforme na vida da Igreja, o que exige uma disposição quenótica em receber a própria identidade a partir do outro, para além de toda índole pragmatista e no interior de um horizonte escatológico.

Palavras-chave: Sinodalidade. Papa Francisco. Teologia cristã oriental.

Abstract: A programmatic theme of the current pontificate, synodality is presented by Francis as a constitutive and structuring dimension of the ecclesial community. This article presents a synthesis of his teaching on the subject, offering as a key to deepening into it the theology of John Zizioulas, whose central axis is the notion of an ontology of otherness made possible by a rediscovery of the category of person from the patristic theology. This key allows us to understand the proposal of a synodal Church, as presented by Francis, as the fulfillment of the vocation of the ecclesial community as an existence in communion, in which the truth is welcomed as a gift from listening to the voice of the Spirit in his pluriform expression in the life of the Church, which requires a kenotic disposition to receiving one’s own identity from the other, beyond any pragmatist tendency and within an eschatological horizon.

Keywords: Sinodality. Pope Francis. Eastern Christian theology.

1 Introdução

A sinodalidade tem sido um tema programático do pontificado de Francisco praticamente desde o seu início e tem se consolidado como um ponto fundamental para pensar a Igreja na contemporaneidade. O papa não deixa dúvidas de que, em sua visão, não se trata simplesmente de um estilo opcional, mas de uma dimensão constitutiva e estruturante da comunidade eclesial. Trata-se, portanto, de uma realidade que se fundamenta no próprio ser da Igreja, que por sua vez não está desvinculado do que é que significa pensar o humano à luz da fé. Podemos dizer que enxergar a sinodalidade como uma dinâmica essencial à vida da Igreja implica confessar uma ontologia da alteridade, em que o outro não é visto como obstáculo a uma pretensa uniformidade, e sim como riqueza que manifesta a pluralidade de dons do Espírito e que me permite colher a minha própria identidade.

Nas últimas décadas, um autor que tem se destacado em aprofundar essas questões, com as suas repercussões teológicas, antropológicas e eclesiológicas, é o teólogo grego Ioannis Zizioulas, metropolita titular de Pérgamo, do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. O seu trabalho teológico – que o Papa Francisco acompanha – pode ser muito proveitoso para, no quadro do magistério pontifício atual, acolher o chamado à sinodalidade com toda a radicalidade que lhe corresponde. Neste artigo, ofereço uma síntese do magistério de Francisco sobre a sinodalidade, para em seguida apresentar a visão teológica de Zizioulas tendo por eixo central a noção de uma ontologia da alteridade tornada possível por uma redescoberta da categoria de pessoa a partir da teologia patrística. Nas considerações finais, traço então algumas correlações possíveis entre Francisco e Zizioulas a respeito do tema.

2 O magistério de Francisco sobre a sinodalidade

Vamos procurar identificar alguns pontos estruturais do magistério de Francisco sobre o tema da sinodalidade – um magistério extenso: enquanto São João Paulo II usou essa palavra apenas em cinco ocasiões ao longo do seu pontificado e Bento XVI em apenas duas, Francisco já a mencionou mais de cem vezes.

  1. A sinodalidade como dimensão constitutiva da 1 “Como diz São João Crisóstomo, ‘Igreja e sínodo são sinônimos’, – pois a Igreja nada mais é do que este ‘caminhar juntos’ do Rebanho de Deus pelas sendas da história ao encontro de Cristo Senhor”, afirmou o papa.2 “Aquilo que o Senhor nos pede, de certo modo, está já tudo contido na palavra ‘sínodo’”.3 Assim, “ser Igreja é ser comunidade que caminha junto. Não basta ter um sínodo, é preciso ser sínodo”.4 Por isso, é necessário “encaminhar-nos, não ocasionalmente, mas estruturalmente para uma Igreja sinodal: um lugar aberto, onde todos se sintam em casa e possam participar”.5
  2. A sinodalidade como filha da comunhão.6 “A dinâmica sinodal, se for retamente compreendida, nasce da comunhão e conduz rumo a uma comunhão cada vez mais implementada, aprofundada e dilatada.”7 “Apenas nos reconhecendo verdadeiramente como comunidades – abertas, vivas, inclusivas – nos tornaremos capazes de futuro”, diz Francisco.8 Isso significa “viver mais a filiação e a fraternidade [...] e crer que o Ressuscitado pode operar maravilhas também através das feridas e das fragilidades que fazem parte da história de todos”.9 De fato, Francisco recorda que “o Concílio Vaticano II esclareceu que a comunhão exprime a própria natureza da Igreja”.
  3. A sinodalidade como expressão de unidade na pluralidade. “Cada forma autêntica de comunhão no Povo de Deus” segue “a lógica da unidade na legítima diferença”, de modo que “dons hierárquicos e carismáticos estão chamados a colaborar em sinergia para o bem da Igreja e do mundo [...], como reflexo da comunhão harmoniosa que vive no coração do Deus Uno e Trino”.10 “Cada um de nós dá a própria contribuição de forma [...] É isso que está na base da sinodalidade: a Igreja deve ser sinodal porque cada um de nós tem os próprios carismas a serviço da unidade da Igreja”.11 Isso faz da Igreja uma realidade nunca uniforme, mas pluriforme na unidade. “Por isso não devemos nos assustar com as diferenças: ao contrário, assustemo-nos quando alguém quer tornar tudo igual: não, isso não serve, isso não é Igreja”.12
  4. A sinodalidade como responsabilidade compartilhada.13 A sinodalidade é “um modo de ser Povo de Deus no qual cada um pode contribuir para uma leitura atenta, meditada e orante dos sinais dos tempos, para compreender e viver a vontade de Deus, persuadidos de que a ação do Espírito Santo intervém e renova tudo cada dia”.14 “Todos somos chamados a participar na vida da Igreja e na sua missão”, e “não por exigências de estilo, mas de fé”, porque “a participação é uma exigência da fé batismal”. 15 Assim, na Igreja “cada um de nós dá a própria contribuição de forma complementar”,16 ao mesmo tempo em que “entenderemos também que dentro dela ninguém pode ser ‘elevado’ acima dos outros.”17
  5. A sinodalidade como caminho de escuta e diálogo. “A Igreja precisa de uma intensa partilha interna: um diálogo vivo entre pastores e entre pastores e fiéis”, afirma o 18 “Ouvir é tanto mais importante quanto mais alto é o lugar que se ocupa na hierarquia. [...] E sublinho este verbo: ouvir. Quem ouve depois pode falar bem. Quem não costuma ouvir, não fala, late”.19 Ao mesmo tempo, é imprescindível a liberdade no falar: “A caridade deve ser sempre vivida na verdade, na transparência, na parresía que purifica a Igreja e a faz avançar”.20 É preciso falar “aliando liberdade, verdade e caridade”, pois “só o diálogo nos pode fazer crescer”.21
  6. A sinodalidade como abertura à ação do Espírito Santo. Sem a graça do Espírito Santo, uma Igreja sinodal passa “a ser concebida como qualquer assembleia democrática composta por maiorias e minorias, por exemplo, como um Parlamento; e a sinodalidade não é isto”.22 É Ele que nos aproxima cada vez mais da “verdade completa” (Jo 16,13), porque “nenhuma modalidade histórica de viver o Evangelho esgota a sua compreensão”.23 “Sinto grande tristeza quando vejo alguma comunidade que, com boa vontade, comete um erro porque pensa em fazer a Igreja com reuniões, como se fosse um partido político: a maioria, a minoria, o que pensa este, ele, o outro...”, lamenta Francisco.24 Ele propõe quatro coordenadas de discernimento para avaliar se vivemos eclesialmente esses processos: a vida comunitária, a oração, a eucaristia e a pregação. “Se faltar isso, faltará o Espírito, e se faltar o Espírito, [...] que atrai para Jesus, ali não haverá Igreja alguma. Bem, haverá um bom clube de amigos, com boas intenções, mas não haverá Igreja, não haverá sinodalidade”.25
  7. A sinodalidade como dinamismo que abarca todos os níveis da vida eclesial. “É necessário promover, a todos os níveis da vida eclesial, a justa sinodalidade”.26 Há uma sinodalidade diocesana, uma sinodalidade 27 “Caminhar em sinodalidade significa que toda a comunidade diocesana ou paroquial caminha junto. Todos são povo de Deus”.28 Segundo o papa, é necessário “cultiva[r] uma práxis eclesial que se exprima em ações concretas de sinodalidade em cada etapa do caminho e da atividade, promovendo o efetivo envolvimento de todos e cada um”.29 Na verdade, “a pastoral não pode não ser sinodal, ou seja, capaz de dar forma a um ‘caminhar juntos’”.30
  8. A sinodalidade como compromisso prenhe de implicações ecumênicas.31 “O exame atento do modo como se entrelaçam na vida da Igreja o princípio da sinodalidade e o serviço daquele que preside oferecerá uma contribuição significativa para o progresso das relações entre as nossas Igrejas”, afirmou Francisco,32 que reafirmou a necessidade de encontrar uma nova forma de exercício do primado do bispo de Roma.33 De modo ainda mais amplo, é importante ressaltar que “o ponto de partida, no corpo eclesial, é este e mais nenhum: o batismo. [...] Participarem todos: é um compromisso eclesial irrenunciável! Para todos os batizados, este é o cartão de identidade: o batismo”, o que aponta que a sinodalidade é “uma grande oportunidade para a conversão pastoral em chave missionária e também ecumênica”.34
  9. A sinodalidade como exercício da missão da Igreja diante do mundo. Na comunhão e na missão, “a Igreja contempla e imita a vida da Santíssima Trindade, mistério de comunhão ad intra e fonte de missão ad extra”.35 De fato, a vida da Igreja como comunhão não simplesmente antecede a missão, mas se identifica com ela: a sua missão não é outra que “a de ser sinal de união íntima da família humana com Deus”,36 como ressaltou a doutrina conciliar. Por isso, a sinodalidade permite à Igreja realizar a sua vocação de ser como que o sacramento da unidade do gênero humano: “Uma Igreja sinodal é como estandarte erguido entre as nações (cf. Is 11,12)”, diz Francisco.37
3 A ontologia da alteridade e a Igreja como modo de existência na comunhão em Ioannis Zizioulas

Ioannis Zizioulas (1931-) faz parte de uma geração de teólogos gregos – a “geração dos anos sessenta” – que representam a acolhida dos desenvolvimentos da teologia russa no contexto do cristianismo grego, mas sempre em diálogo com as interrogações atuais provenientes da experiência humana e eclesial como um todo. A partir da influência dos teólogos russos, particularmente de Vladímir Lóski, nomes como Zizioulas, Dimitris Koutroubis (1921-1983) e Christos Iannaras (1935-) romperam com os manuais dogmáticos em uso nas faculdades do país.38 De fato, desde a queda de Constantinopla, no século XV, um árido intelectualismo aristotélico passou a prevalecer na Igreja Oriental. Mais tarde, no século XVIII, a influência da formação teológica ocidental trouxe à Grécia o modelo do manualismo.39

Zizioulas frequentou as Universidades de Tessalônica e de Atenas antes de estudar no Instituto Ecumênico de Bossey e em Harvard – onde foi bastante influenciado por Georges Floróvski, de quem adotou a proposta de que a teologia contemporânea ortodoxa deveria ser uma espécie de síntese neopatrística. Em 1964, foi nomeado professor de História da Igreja na Universidade de Atenas, e nos anos seguintes esteve envolvido também com o Conselho Mundial de Igrejas, residindo por dois anos e meio em Genebra. A partir de 1970, trabalhou nas Universidades de Edimburgo e Glasgow como professor de Teologia Sistemática, e como professor visitante em Londres, Roma e Genebra. Em 1980 se tornou professor de Dogmática e Teologia Pastoral em Tessalônica. Em 1986, quando ainda era leigo, foi nomeado metropolita titular de Pérgamo e, com isso, membro do Santo Sínodo do Patriarcado Ecumênico.40

Seu primeiro livro, resultado de sua tese de doutorado em Atenas (1965), foi Eucaristia, bispo, Igreja: a unidade da Igreja na divina eucaristia e o bispo nos três primeiros séculos, uma pesquisa que teve bastante impacto no diálogo ecumênico. Mas seu estudo mais fundamental é O ser eclesial, uma coletânea de artigos publicada em francês em 1981, e quatro anos depois numa versão revista e ampliada em inglês com o título O ser como comunhão: estudos sobre a pessoa e a Igreja. Complementam as ideias expostas nesse livro as coletâneas Comunhão e alteridade: estudos ulteriores, publicada em 2006, e O uno e o múltiplo: estudos sobre Deus, o homem, a Igreja e o mundo de hoje, de 2010.41

Com Zizioulas e Iannaras, a teologia grega assumiu o protagonismo da teologia oriental nas últimas décadas.42 A partir da reflexão dos Padres capadócios sobre a Trindade, Zizioulas desenvolve uma visão da Igreja como comunhão que teve um profundo impacto ecumênico. Se para Iannaras nenhum outro teólogo desde Gregório Palamas teve tanto impacto no pensamento ortodoxo,43 Walter Kasper afirma que ele “influenciou fortemente a compreensão católica atual da Igreja”44 e um nome da altura de Yves Congar já em 1982 o retinha por “um dos teólogos mais originais e profundos do nosso tempo”.45 De fato, é significativo notar que Zizioulas não só chegou a copresidir a Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa, como participou como delegado fraterno da assembleia do Sínodo dos Bispos de 2005, sobre a eucaristia, e foi o responsável ao lado do cardeal Peter Turkson por apresentar a encíclica Laudato si’ no Vaticano quando do seu lançamento, em 2015. Além disso, o Papa Francisco chegou a citar trechos de Comunhão e alteridade em um discurso, referindo-se ao autor como “um grande teólogo”.46

Se uma releitura dos Padres da Igreja em vista de uma renovada teologia da pessoa já era seminal em Serguei Bulgákov e se consolidou com Lóski, Zizioulas a aprofunda e lhe acrescenta a camada de uma profunda preocupação existencial, isto é, o cuidado para que a teologia da pessoa ressoe com a experiência humana contemporânea.47 “Ele é fiel ao espírito dos Padres, mas isso não o impede de construir a partir daquilo que eles disseram. Afinal, os próprios Padres não repetiam simplesmente as palavras dos seus predecessores. Lá como cá, o dogma precisa ser relacionado com as preocupações contemporâneas.”48 De fato, “a reivindicação fundamental de Zizioulas [...] é que o Ocidente perdeu qualquer sentido do que significa ser uma pessoa, e em vez disso concebe os seres humanos essencialmente como indivíduos”.49 O individualismo caracterizaria a cultura ocidental desde a sua fundação – a definição de pessoa delineada por Boécio no século V (“uma substância individual de natureza racional”) seria uma expressão evidente desse fato.50

A comunhão aparece então como um termo central para a compreensão da pessoa como essencialmente relacional. “A comunhão é uma categoria ontológica.”51 De acordo com Zizioulas, a cultura greco-romana não era capaz de associar a dimensão pessoal ao verdadeiro ser da humanidade, à sua concepção ontológica, na medida em que o aspecto relacional era tido como algo de completamente acidental:

O pensamento grego antigo permaneceu atado ao princípio básico que ele mesmo estabeleceu, o princípio segundo o qual o ser constitui, em última análise, uma unidade apesar da multiplicidade das coisas existentes, porque essas coisas existentes concretas no fim traçam um caminho de volta à sua necessária relação e “parentesco” com o “único” ser, e porque consequentemente toda “diferenciação” ou “acidente” deve ser de algum modo compreendido como uma tendência em direção ao “não ser”, uma deterioração ou uma “queda” do ser.52

Assim, “no mundo grego antigo, que alguém seja uma pessoa significa que tem algo acrescentado ao seu ser; a ‘pessoa’ não é a sua verdadeira ‘hipóstase’”.53 O que muda esse cenário é a revelação cristã: a identificação da hipóstase – literalmente, aquilo que está sob, que funda – com a pessoa, e não com a natureza, é uma novidade que devemos aos Padres Gregos.54 Trata-se de uma virada fundamental:

Zizioulas vê no termo hypostasis, usado pelos Padres Capadócios para se referir ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, em contraste com ousía, usado para se referir à única Divindade, a cristalização da noção de pessoa. [...] O que se descobriu não foi simplesmente um termo para se referir à pessoa, mas a percepção de que a pessoalidade é anterior à essência; as pessoas não são espécimes de uma essência. Pessoas encontram a união ou a unidade não na posse de uma essência comum, mas por meio da koinonia, da comunhão.55

Emerge assim uma ontologia à luz da qual compreendemos que “a alteridade não ameaça a unidade; pelo contrário, é um condição sine qua non para ela”, e ao mesmo tempo “a comunhão não ameaça a alteridade: ela a gera”.56 Segundo Zizioulas, “a Pessoa é a alteridade na comunhão e a comunhão na alteridade”, “é uma identidade que emerge da relação”, “é um ‘eu’ que só pode existir enquanto em relação com um ‘tu’ que afirma a sua existência e a sua alteridade”.57 Mas para chegar a enxergar isso, desde o ponto de vista teológico, é preciso levar a sério o mistério da Trindade:

O ser de Deus é um ser relacional: sem o conceito de comunhão não seria possível falar do ser de Deus. [...] Seria impensável falar de um “único Deus” antes de falar de um Deus que é “comunhão”, isto é, da Trindade Santa. A Trindade Santa é um conceito ontológico primordial, e não uma noção que se acrescenta à divina substância ou que se lhe segue, como acontece nos manuais dogmáticos ocidentais e até mesmo nos orientais em tempos modernos. A substância de Deus, “Deus”, não tem qualquer conteúdo ontológico, qualquer ser verdadeiro, à parte da comunhão.58

A noção de pessoa se revela à medida que nos aprofundamos no mistério da Trindade. De fato, essa comunhão, como sustentaram os Padres Capadócios, tem a sua fonte em uma pessoa: o Pai. “Isso significa que a categoria ontológica última que faz com que algo de fato seja não é nem uma ‘substância’ impessoal e incomunicável nem uma estrutura de comunhão que exista por si mesma ou seja imposta por necessidade, e sim a pessoa.”59 Zizioulas aponta o alcance dessa compreensão:

O fato de que Deus exista por causa do Pai mostra que a Sua existência, o Seu ser, é a consequência de uma pessoa livre; o que significa, em última análise, que não somente a comunhão como também a liberdade, a pessoa livre, constitui o verdadeiro ser. O verdadeiro ser emerge apenas da pessoa livre, da pessoa que ama livremente – isto é, que livremente afirma o seu ser, a sua identidade, através de um evento de comunhão com as outras pessoas. [...] A comunhão que não vem de uma hipóstase, isto é, de uma pessoa concreta e livre, e que não conduz a hipóstases, isto é, a pessoas concretas e livres, não é uma “imagem” do ser de Deus. A pessoa não pode existir sem a comunhão, mas toda forma de comunhão que negue ou anule a pessoa é inadmissível.60

Desse modo, a questão é que não podemos considerar o ser humano como uma autêntica pessoa a não ser que seja possível que ele viva uma liberdade ontológica absoluta, mas a sua natureza criatural é limitada. Na visão teológica cristã, no entanto, compreendemos que em Deus a liberdade ontológica reside não na natureza, mas no modo de existência dessa natureza, isto é, na existência pessoal – essa sim hipostática, isto é, fundante. É esse modo de existência que o Pai, o Filho e o Espírito Santo nos comunicam no mistério cristão, isto é, no mistério eclesial.61 A Trindade nos comunica o seu tropos, o que possibilita que a alteridade não seja simplesmente um dado necessário, forçoso, mas uma relação livre, capaz de criar autêntica comunhão.62 Por isso, “a Igreja não é simplesmente uma instituição: é um ‘modo de existência’, um modo de ser”, postula Zizioulas.63 Em outras palavras,

O mistério da Igreja, mesmo em sua dimensão institucional, está profundamente entrelaçado ao ser do homem, ao ser do mundo e ao ser de Deus. Em virtude desse laço, tão característico para o pensamento patrístico, a eclesiologia assume uma importância marcante, não apenas para todos os aspectos da teologia, como também para as necessidades existenciais do homem de todas as épocas.64

É que a natureza humana carrega consigo a tendência a ingressar numa existência pessoal, mas é dominada por duas paixões que ocasionam o fracasso dessa possibilidade: a sua constituição como necessidade, isto é, o seu condicionamento aos instintos de sobrevivência, e o seu encaminhamento ao individualismo, à separação e à desintegração.65

Enquanto não ingressa num novo modo de existência, o ser humano está preso a uma vida irredimida. Daí Zizioulas dizer que “a religião não diz respeito à religião, e muito menos às religiões. A religião diz respeito aos seres humanos e à sua relação com Deus, uns com os outros e com a criação.”66 Basilio Petrà explica essa compreensão:

Para que aconteça a verdadeira realização da personalidade, são necessárias duas coisas: evitar a destruição do eros e do corpo (se esses dois constituintes [...] devessem ser dispensados, a própria possibilidade da existência da pessoa desapareceria) e mudar o modo constitutivo, o modo de existência, da hipóstase (não no sentido de uma modificação ou de um melhoramento moral, mas no sentido de um novo nascimento da humanidade).67

Esse novo nascimento é o ingresso no mistério eclesial, de modo que o batismo “é precisamente um ato constitutivo de uma hipóstase. Assim como a concepção e o nascimento de um homem constituem a sua hipóstase biológica, o batismo leva a um novo modo de existir, a uma regeneração (cf. 1Pd 1,3.23), e consequentemente a uma nova hipóstase”, afirma Zizioulas.68 Esse novo modo de existência é constituído pela liberdade, não pela necessidade. Está fundado em Cristo, e esse é o motivo pelo qual os Padres procuraram salvaguardar a união hipostática das duas naturezas em Cristo e a sua identificação com a hipóstase do Filho na vida trinitária. São esses, afinal, os pontos da cristologia que dizem respeito à possibilidade para o ser humano de um novo modo de existir.69 “A cristologia é a proclamação ao homem de que a sua natureza pode ser ‘assumida’ e hipostatizada num modo livre da necessidade ontológica da hipóstase biológica, que [...] leva à tragédia do individualismo e da morte”.70 Em síntese:

A sobrevivência eterna da pessoa como hipóstase única, irrepetível e livre, como amante e amada, constitui a quintessência da salvação, a comunicação do Evangelho ao homem. Na linguagem dos Padres isso é chamado “divinização” (theosis), o que significa a participação não na natureza ou na substância de Deus, mas em sua existência pessoal. A meta da salvação é que a vida pessoal que é realizada em Deus seja realizada também no nível da existência humana.71

Por isso, para Zizioulas, “a cristologia sem a eclesiologia é inconcebível”.72 Esse novo modo de existência é uma vida em Cristo, que se manifesta como comunhão. Claro, a hipóstase biológica não desaparece, e de certo modo permanece uma tensão entre os dois modos de existência – tensão escatológica entre o já e o ainda não: a hipóstase eclesial tem as suas raízes no futuro. Um caráter de ascese, portanto, marca a hipóstase eclesial – uma ascese que não quer rejeitar a natureza biológica, mas a hipóstase biológica, permitindo que a natureza se hipostatize num modo de ser comunional.73 Zizioulas explica:

Esse modo de ser não é uma conquista moral, não é algo que o homem executa. É um modo de se relacionar com o mundo, com as outras pessoas e com Deus, é um evento de comunhão, e é por isso que não pode ser realizado como uma façanha de um indivíduo, mas apenas como um fato eclesial.74

Assim, a Igreja oferece ao mundo não um sistema moral, mas o fermento de uma sociedade santificada pela liberdade dos filhos de Deus como modo de ser que conduz à renovação do mundo.75 Nesse sentido, partindo da visão teológica de Zizioulas, Agenor Brighenti comenta: “Há, na Igreja, uma ‘re-recepção’ contínua e necessária, na medida em que ela precisa reapropriar-se continuamente do dom de Deus”.76 E ainda:

Em última instância, o bem a receber, como ressalta Zizioulas, não são ideias ou doutrinas, mas a vida e o amor de Deus por nós. Trata-se de receber a realidade em causa em seu lugar ‘teológico’ por excelência – a revelação, uma vez que o que se propõe é uma maneira de viver juntos que manifesta a reconciliação conquistada em Jesus Cristo.77

Não se trata, portanto, de um automatismo: “Para que a Igreja apresente esse modo de existência, ela mesma deve ser uma imagem do modo como Deus existe. Toda a sua estrutura, seus ministérios e tudo o mais devem expressar esse modo de existência.”78 Por isso, a acolhida do dom que constitui a comunidade eclesial é sempre uma acolhida ativa, na medida em que “o medo e a rejeição do outro é uma realidade que se experimenta também dentro da Igreja”.79 Relacionar-se com a alteridade, que é constitutiva da unidade, exige, assim, para Zizioulas, a atitude oposta à do triunfalismo: a metanoia, que ele compreende como arrependimento.80 O que se faz necessário é uma disposição quenótica diante do outro, que é obra do Espírito Santo que realiza a comunhão:

Quando o Espírito Santo sopra, o que ele cria não são bons cristãos individuais, “santos” individuais, mas um evento de comunhão, que transforma tudo aquilo que o Espírito toca em um ser relacional. Assim, o outro se torna uma parte ontológica da minha identidade. Onde quer que opere, o Espírito desindividualiza e personaliza os seres.81

Nisso, é fundamental a liturgia, particularmente a eucaristia, que cura a nossa filáucia e nos educa a uma vida em comunhão com os outros e com toda a criação, isto é, a um modo de ser recebido como dom e iluminado por aquilo que seremos quando tudo for transfigurado em Reino de Deus.82 É que, como analisa Vitor Feller abordando a teologia de Zizioulas,83 “a liturgia cristã não tem o compromisso de resolver problemas, não se casa com a índole capitalista e mercantilista do sucesso e da eficácia, não diz respeito ao espírito pragmatista de práticas pastorais”: a noção de comunhão é inseparável da de dom, de uma gratuidade que não fabricamos nem conquistamos e que, só ela, pode nos colocar na dinâmica de uma verdadeira alteridade.

4 Considerações finais

A modo de conclusão, indicando perspectivas possíveis, é possível traçar algumas correspondências substanciais entre Zizioulas e Francisco. Os nove pontos nos quais pode ser sintetizado o magistério do papa sobre a sinodalidade podem ser reunidos em três grupos, a partir dos quais podemos colher pistas na teologia de Zizioulas para aprofundarmos a sua compreensão.

Em primeiro lugar, a consideração da sinodalidade como dimensão constitutiva da Igreja (1), filha da comunhão (2) e expressão de unidade na pluralidade (3) a delineia a partir da compreensão cristã de pessoa, à luz do dogma trinitário. Tudo aquilo que Zizioulas reflete a respeito disso pode ser útil para reconhecer a que profundidade se enraízam essas considerações: a sinodalidade não se trata, de fato, de mero estilo de gestão, mas de um modo de ser que corresponde à vocação humana de viver uma existência comunional.

Depois, pensar a sinodalidade como responsabilidade compartilhada (4), como caminho de escuta e diálogo (5) e como abertura à ação do Espírito Santo (6) nos aponta as dinâmicas que emergem concretamente do conjunto anterior de considerações. O que temos aqui é a exigência de um discernimento compreendido como responsabilidade comum, porque o indivíduo não é capaz de acolher o dom da verdade, já que a verdade mesma se constitui como realidade de comunhão. A sinodalidade não se traduz simplesmente em um desejo democrático de consultar os envolvidos em algumas decisões, mas como exercício de escuta da voz do Espírito que só fala na comunhão. Isso requer aquela disposição quenótica de que fala Zizioulas, capaz de realizar a Igreja como existência na comunhão.

Por fim, reconhecer na sinodalidade um dinamismo que abarca todos os níveis da vida eclesial (7), um compromisso prenhe de implicações ecumênicas (8) e o exercício da missão da Igreja diante do mundo (9) nos reconecta com o primeiro conjunto de considerações, na medida em que nos faz ver que viver a partir da raiz de sua própria identidade não é uma condição prévia à missão da Igreja, mas é já realização dessa missão, se a sua missão é a de testemunhar a comunhão, em todos os níveis, em cada realidade em que esteja. As contribuições de Zizioulas sobre a lógica do dom que caracteriza a vida da Igreja como comunhão, para além de toda índole pragmatista e no interior de um horizonte escatológico, nos ajudam a colher o alcance dessas considerações.

São João Paulo II chegou a dizer que “a finalidade de toda a autêntica sinodalidade é a concórdia, a fim de que a Trindade seja glorificada na Igreja”.84 O passo que se nos pede atualmente, como fica claro se lemos o magistério de Francisco a partir de uma ontologia da alteridade como a de Zizioulas, é não apenas considerar que a sinodalidade tenha por fim a concórdia, mas reconhecer que a concórdia não tem outro caminho a não ser a sinodalidade. Uma Igreja que se dispõe a realizar a sua vocação como vida de comunhão que glorifica a Trindade e a manifesta ao mundo é uma Igreja sinodal.

 

Referências

BRIGHENTI, Agenor. O processo de recepção de um Concílio na Igreja: conceituação teológica e operacional. Encontros Teológicos, v. 17, n. 2, 2002. Não paginado.

CONGAR, Yves. Bulletin d’ecclésiologie. Revue des Sciences Philosophiques et Théologiques, v. 66, n. 1, 1982, p. 87-119.

FELLER, Vitor G. Ao leitor de língua portuguesa. In: ZIZIOULAS, Ioannis. Eucaristia e Reino de Deus. São Paulo: Mundo e Missão; Florianópolis: Itesc, 2003. p. 7-10.

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FRANCISCO. Discurso à delegação ecumênica do Patriarcado de Constantinopla. Roma, 27 de junho de 2015. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2015/june/documents/papa-francesco_20150627_patriarcato-costantinopoli.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

FRANCISCO. Discurso ao sínodo permanente da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Roma, 5 de julho de 2019. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2019/july/documents/papa-francesco_20190705_sinodo-chiesaucraina.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

FRANCISCO. Discurso aos membros da Ação Católica Italiana. Roma, 30 de abril de 2017. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2017/april/documents/papa-francesco_20170430_ azione-cattolica.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

FRANCISCO. Discurso aos participantes do Congresso dos Centros Vocacionais das Igrejas da Europa. Roma, 6 de junho de 2019. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/it/speeches/2019/june/documents/papa-francesco_20190606_centrivocazioni-chieseeuropee.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

FRANCISCO. Discurso à plenária da Congregação para a Doutrina da Fé. Roma, 29 de janeiro de 2016. Disponível em: https://www.vatican. va/content/francesco/pt/speeches/2016/january/documents/papa-francesco_20160129_plenaria-dottrina-fede.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

FRANCISCO. Discurso na abertura da XV Assembleia Geral Ordiná- ria do Sínodo dos Bispos. Roma, 3 de outubro de 2018. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2018/october/documents/papa-francesco_20181003_apertura-sinodo.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

FRANCISCO. Discurso na comemoração do cinquentenário da insti- tuição do Sínodo dos Bispos. Roma, 17 de outubro de 2015. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2015/october/documents/papa-francesco_20151017_50-anniversario-sinodo.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

FRANCISCO. Discurso no encontro com Sua Beatitude Jerônimo II. Atenas, 4 de dezembro de 2021. Disponível em: https://www.vatican. va/content/francesco/it/speeches/2021/december/documents/20211204-grecia-ieronimus-ii.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

FRANCISCO. Discurso no momento de reflexão para o início do percurso sinodal. Roma, 9 de outubro de 2021. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2021/october/documents/20211009-apertura-camminosinodale.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

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FRANCISCO. Vídeo-mensagem aos participantes do Sínodo da Igreja de Buenos Aires. Roma, 27 de outubro de 2018. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/pont-messages/2018/documents/papa-francesco_20181027_videomessaggio-cardinale-poli.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

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ZIZIOULAS, Ioannis. L’uno e i molti: saggi su Dio, l’uomo, la Chiesa e il mondo di oggi. Roma: Lipa, 2018.

 

Footnotes

1  FRANCISCO. Discurso na comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos. Roma, 17 de outubro de 2015. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2015/october/documents/papa-francesco_20151017_50-anniversario-sinodo.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

2  FRANCISCO. Discurso na comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, 2015. Não paginado.

3  FRANCISCO. Discurso na comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, 2015. Não paginado.

4  FRANCISCO. Discurso ao sínodo permanente da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Roma, 5 de julho de 2019. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2019/july/documents/papa-francesco_20190705_sinodo-chiesaucraina. html. Acesso em: 20 jun. 2022.

5  FRANCISCO. Discurso no momento de reflexão para o início do percurso sinodal. Roma, 9 de outubro de 2021. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2021/october/documents/20211009-apertura-camminosinodale.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

6  FRANCISCO. Discurso aos participantes do Congresso dos Centros Vocacionais das Igrejas da Europa. Roma, 6 de junho de 2019. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/it/speeches/2019/june/documents/papa-francesco_20190606_cen- trivocazioni-chieseeuropee.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

7  FRANCISCO. Discurso à plenária da Congregação para a Doutrina da Fé. Roma, 29 de janeiro de 2016. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2016/january/documents/papa-francesco_20160129_plenaria-dottrina-fede.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

8  FRANCISCO. Discurso aos participantes do Congresso dos Centros Vocacionais das Igrejas da Europa, 2019. Não paginado.

9  FRANCISCO. Discurso aos participantes do Congresso dos Centros Vocacionais das Igrejas da Europa, 2019. Não paginado.

10  FRANCISCO. Discurso à plenária da Congregação para a Doutrina da Fé, 2016. Não paginado.

11  FRANCISCO. Meditação matutina. Roma, 9 de novembro de 2017. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/cotidie/2017/documents/papa-francesco-cotidie_20171109_diversidade-na-harmonia.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

12  FRANCISCO. Meditação matutina, 2017. Não paginado.

13  FRANCISCO. Discurso aos membros da Ação Católica Italiana. Roma, 30 de abril de 2017. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2017/april/documents/papa-francesco_20170430_azione-cattolica.html. Acesso em: 20 jun. 2022. Ver também: FRANCISCO. Discurso ao sínodo permanente da Igreja Greco-Católica Ucraniana, 2019. Não paginado.

14  FRANCISCO. Discurso aos membros da Ação Católica Italiana, 2017. Não paginado.

15  FRANCISCO, 2021. Não paginado.

16  FRANCISCO. Meditação matutina, 2017. Não paginado.

17  FRANCISCO. Discurso na comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, 2015. Não paginado.

18  FRANCISCO. Discurso ao sínodo permanente da Igreja Greco-Católica Ucraniana, 2019. Não paginado.

19  FRANCISCO. Discurso ao sínodo permanente da Igreja Greco-Católica Ucraniana, 2019. Não paginado.

20  FRANCISCO. Discurso ao sínodo permanente da Igreja Greco-Católica Ucraniana, 2019. Não paginado.

21  FRANCISCO. Discurso na abertura da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Roma, 3 de outubro de 2018. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2018/october/documents/papa-francesco_20181003_apertura-sinodo.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

22  FRANCISCO. Discurso à Cúria Romana para as felicitações de Natal. Roma, 21 de dezembro de 2020. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2020/december/documents/papa-francesco_20201221_curia-romana.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

23  FRANCISCO. Discurso à Cúria Romana para as felicitações de Natal, 2020. Não paginado.

24  FRANCISCO. Audiência geral. Roma, 25 de novembro de 2020. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2020/documents/papa-francesco_20201125_udienza-generale.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

25  FRANCISCO. Audiência geral, 2020. Não paginado.

26  FRANCISCO. Discurso à plenária da Congregação para a Doutrina da Fé, 2016. Não paginado.

27  FRANCISCO. Diálogo com as participantes da plenária da União Internacional das Superioras Gerais. Roma, 12 de maio de 2016. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2016/may/documents/papa-francesco_20160512_uisg.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

28  FRANCISCO. Vídeo-mensagem aos participantes do Sínodo da Igreja de Buenos Aires. Roma, 27 de outubro de 2018. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/pont-messages/2018/documents/papa-francesco_20181027_videomessaggio-cardinale-poli.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

29  FRANCISCO, 2021. Não paginado.

30  FRANCISCO. Discurso aos participantes do Congresso dos Centros Vocacionais das Igrejas da Europa, 2019. Não paginado.

31  FRANCISCO. Discurso na comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, 2015. Não paginado.

32  FRANCISCO. Discurso à delegação ecumênica do Patriarcado de Constantinopla. Roma, 27 de junho de 2015. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2015/june/documents/papa-francesco_20150627_patriarcato-costantinopoli.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

33  FRANCISCO. Discurso na comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, 2015. Não paginado.

34  FRANCISCO, 2021. Não paginado.

35  FRANCISCO, 2021. Não paginado.

36  FRANCISCO, 2021. Não paginado.

37  FRANCISCO. Discurso na comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, 2015. Não paginado.

38  PAPANIKOLAOU, Aristotle. From Sophia to Personhood: The Development of 20th Century Orthodox Trinitarian Theology. Phronema, v. 33, n. 2, 2018, p. 2.

39  RUSSELL, Norman. Modern Greek Theologians and the Greek Fathers. Philosophy & Theology, v. 18, n. 1, 2016, p. 77-78.

40  LOUTH, Andrew. Modern Orthodox Thinkers: From the Philokalia to the Present. Londres: SPCK, 2015. p. 216-217.

41  LOUTH, 2015, p. 217.

42  PETRÀ, Basilio. Personalist Thought in Greece in the Twentieth Century: A First Tentative Synthesis. Greek Orthodox Theological Review, v. 50, n. 1, 2005, p. 33.

43  RUSSELL, 2016, p. 87.

44  KASPER, Walter. Presentazione. In: ZIZIOULAS, Ioannis. Comunione e alterità. Roma: Lipa, 2016. p. ix, tradução nossa.

45  CONGAR, Yves. Bulletin d’ecclésiologie. Revue des Sciences Philosophiques et Théologiques, v. 66, n. 1, 1982, p. 88, tradução nossa.

46  FRANCISCO. Discurso no encontro com Sua Beatitude Jerônimo II. Atenas, 4 de dezembro de 2021. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/it/speeches/2021/december/documents/20211204-grecia-ieronimus-ii.html. Acesso em: 20 jun. 2022.

47  PAPANIKOLAOU, 2018, p. 12.

48  RUSSELL, 2016, p. 87, tradução nossa.

49  LOUTH, 2015, p. 218, tradução nossa.

50  ZIZIOULAS, John D. Communion and otherness: Further Studies in Personhood and the Church. Londres: T&T Clark, 2006. p. 1.

51  ZIZIOULAS, John D. Being as Communion: Studies in Personhood and the Church.

Nova York: St. Vladimir’s Seminary Press, 1997. p. 18, tradução nossa.

52  ZIZIOULAS, 1997, p. 29, tradução nossa.

53  ZIZIOULAS, 1997, p. 33, tradução nossa.

54  PETRÀ, 2005, p. 27.

55  LOUTH, 2015, p. 218, tradução nossa.

56  ZIZIOULAS, 2006, p. 5, tradução nossa.

57  ZIZIOULAS, 2006, p. 5, tradução nossa.

58  ZIZIOULAS, 1997, p. 17, tradução nossa, grifo do original.

59  ZIZIOULAS, 1997, p. 17-18, tradução nossa, grifo do original.

60  ZIZIOULAS, 1997, p. 18, tradução nossa, grifo do original.

61  PETRÀ, 2005, p. 28.

62  ZIZIOULAS, 2006, p. 25-26.

63  ZIZIOULAS, 1997, p. 15, tradução nossa, grifo do original.

64  ZIZIOULAS, 1997, p. 15, tradução nossa.

65  PETRÀ, 2005, p. 29.

66  ZIZIOULAS, Ioannis. L’uno e i molti: saggi su Dio, l’uomo, la Chiesa e il mondo di oggi. Roma: Lipa, 2018. p. 438, tradução nossa.

67  PETRÀ, 2005, p. 29-30, tradução nossa.

68  ZIZIOULAS, 1997, p. 53, tradução nossa.

69  PETRÀ, 2005, p. 30-31.

70  ZIZIOULAS, 1997, p. 56, tradução nossa.

71  ZIZIOULAS, 1997, p. 49-50, tradução nossa.

72  ZIZIOULAS, 2018, p. 157, tradução nossa.

73  PETRÀ, 2005, p. 31-32.

74  ZIZIOULAS, 1997, p. 15, tradução nossa, grifos do original.

75  ZIZIOULAS, Ioannis. A criação como eucaristia: proposta teológica ao problema da ecologia. São Paulo: Mundo e Missão; Florianópolis: Itesc, 2001. p. 92.

76  BRIGHENTI, Agenor. O processo de recepção de um Concílio na Igreja: conceituação teológica e operacional. Encontros Teológicos, v. 17, n. 2, 2002. Não paginado.

77  BRIGHENTI, 2002. Não paginado.

78  ZIZIOULAS, 1997, p. 15, tradução nossa.

79  ZIZIOULAS, 2006, p. 3, tradução nossa.

80  ZIZIOULAS, 2006, p. 4-5.

81  ZIZIOULAS, 2006, p. 6, tradução nossa.

82  ZIZIOULAS, Ioannis. Eucaristia e Reino de Deus. São Paulo: Mundo e Missão; Flo- rianópolis: Itesc, 2003. p. 91-92.

83  FELLER, Vitor G. Ao leitor de língua portuguesa. In: ZIZIOULAS, Ioannis. Eucaristia e Reino de Deus. São Paulo: Mundo e Missão; Florianópolis: Itesc, 2003. p. 9.

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